O transtorno mental que leva ao vício em álcool e drogas é um drama específico que muitas famílias vivem no dia a dia. Jovens que vão sendo destruídos dia a dia numa luta constante entre as drogas lícitas(para o tratamento do vício, ou pela doença mental) e as drogas ilícitas(que o levam de volta ao vício). Em geral, mas nem sempre, são famílias tão problemáticas quanto seus filhos e a luta por uma vida plena e saudável é, na maioria das vezes, perdida. Muitos desses jovens são talentosos e inteligentes, o que não lhes garante uma saúde mental nem tampouco uma força suficiente para se salvarem. Quando se tornam famosos seus problemas crescem na proporção de sua exposição, ou porque a mídia trata de exacerbá-los(para fabricar notícia, para vender, para consumi-los, para alimentar a curiosidade alheia, para, enfim...vários outros fins pouco elogiáveis)e como são em geral criaturas frágeis sucumbem a todos aqueles que fazem deles um objeto de uso:fans(que os colocam num zoológico, pois não podem sair às ruas, não podem entrar num restaurante, não podem namorar, nada fora do assédio implacável dos que se acham no direito de lhes pedir um autógrafo, tirar uma foco com eles, beijá-los, arrancar suas roupas...etc..etc...etc..) seus produtores(que os sugam até o último grau na tentativa de fazer dinheiro com eles; e quando os percebe drogas e frágeis aumentam o máximo a exploração econômica pois sabem que o tempo de fazerem isso será curto), suas famílias(muitas vezes dependentes deles, muitas vezes que os colocaram nessa situação exatamente para explorá-los, muitas vezes feitas de pessoas tão frágeis psiquicamente ou mais do que eles próprios) e mídia(essa dispensa comentários). Traça-se assim um cenário em que tudo caminha para um fim trágico quando um artista, em geral muito talentoso, é também um drogadito, um alcoólatra, um doente mental. Dá pena e são incontáveis os casos. Tenho certeza de que ainda assistiremos a muitos iguais. Espero que um dia a humanidade aprenda a fazer destes talentos seu patrimônio e que todos se unam para salvá-los, e não para chupá-los até a morte.
Para os amantes da poesia Carlos Drummond de Andrade é um prato maravilhoso. Drummond é profundo, é enigmático, é incisivo. Seu ponto é exato, como a guitarra de George Harrison, a concisão de Machado de Assis(perdoem-me os exemplos tão díspares, mas foram os que me ocorreram nesse momento). Mesmo quando estamos diante de um suposto Drummond menor, somos surpreendidos. Vou dar um exemplo: encontra-se no livro A PAIXÃO MEDIDA, um dos que mais gosto. Leio o poema O SÁTIRO e o acho bobo, grosseiro, indigno de Drummond. Mas acontece que trabalho com violência sexual. Sou médico e atendo à mulheres em situação de violência sexual e doméstica todos os dias. De repente, o poema de Drummond soa como uma bomba para mim. Corro ao dicionário e a minha suspeita se personifica. É um poema simbólico, tem uma dimensão maior. Vou escrevê-lo abaixo e tentar explicar a dimensão que consigo ver nele. O SÁTIRO Carlos Drummond de Andrade(do livro A Paixão Medi
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