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A LÍBIA E AS LIÇÕES DE GENE SHARP

Lembramos que o Brasil foi contra a intervenção militar na Líbia. Argumentaram, nossos diplomatas, que uma ação militar custaria muitas vidas e a forma de intervenção deveria ser pacífica. Gene Sharp,seguramente, concordaria com eles. A profecia brasileira se concretizou. Foram longos meses até a rendição de Kadafi, a custo de muitas mortes e muita destruição. Quando vejo, pela TV, os carros cheios de rebeldes armados, muitos deles adolescentes atirando para todos os lados e fazendo V de vitória com os dedos, pergunto-me quem os está armando e quem os está chefiando. Parece-me um bando de inconsequentes ou gente brincando de guerra. De um outro lado, pipocam em outros países os representantes do governo de transição, com líderes que não sabemos de onde apareceram, onde estavam. Ao lado deles, os líderes de Estado interessados na paz Líbia. Mas nos perguntamos: por que motivo, mesmo, estão querendo ajudar? Gene Sharp nos responderia: pelos seus próprios interesses.
A forma como este governo está sendo derrubado é semelhante a uma derrubada pela guerrilha. Gene nos ensinou também. Conquistas do poder pela força tendem a gerar governos tão ditadores quanto os anteriores. Os estrangeiros estão de olho nesses novos governos para neles mamar como antes. E o povo que se dane. As revoluções árabes começaram pacificamente. O povo boicotava o poder com aquilo que mais estava a seu alcance: a desobediência civil. De repente o povo se armou. Eu diria que a luta foi apressada, o ditador teria que ser vencido pelo cansaço e não pelas armas. Agora vamos ver no que vai dar.

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