Aconteceu quarta-feira passada. Caiu uma tempestade de vento, árvores tombaram, carros afundaram, gente afogou, mas o que me afetou mesmo foi que a luz apagou. Apagou e não voltou. Sozinho em casa, sem luz, sem fósforos, sem velas, vi-me na única opção clarividente de ligar o notebook . Encontrei meu livro, baixado do Amazon. Comecei a lê-lo às sete da noite, na escuridão ao redor, e fiquei a lê-lo até as vinte e três. Que bela experiência. As lembranças inundaram-me: do tempo em que Guarani tinha postes baixinhos de luz fraca, onde besouros faziam piquenique, o ocaso,a penumbra, a viagem para dentro. Do tempo em que, criança, eu escutava novelas no rádio da fazenda, cuja energia vinha de um moinho d'água de onde a luz ia e vinha no lusco-fusco do quarto. Flertaram-me os dezembros sem fim de canoinhas de papel na correnteza da rua e enchentes do incomodado Rio Pomba. Depois concentrei-me na leitura. O livro: O clube dos jardineiros de fumaça, de Carol Bensimon. Meu Kindle re
MEDITAÇÕES ECOLÓGICAS DE JULIO CORTÁZAR(LUCAS) Na pele de Lucas, Cortázar(alguém pode explicar-me esse maldito acento agudo no a do idioma espanhol?) sustenta que intelectuais e natureza não combinam. Lembro-me de uma história envolvendo nosso grande Tom Jobim e seu fotógrafo americano. O último queria bater uma foto do penúltimo na praia de Ipanema. Tom Jobim se recusou. O retratista insistiu:- mas sua música se chama garota de Ipanema, os fãs gostariam de vê-lo na praia. Ao que Tom respondera: -Meu amigo, intelectuais não vão à praia. Intelectuais bebem. Eu bebo em frente à praia fico olhando as garotaisxxxx passarem. Pode fazer uma foto minha no bar meisxmo Tom Jobim não gostava da praia, mas do campo sim. Tinha um belo sítio. Reza a lenda que um dia os fãs invadiram o sítio em busca de Frank Sinatra, que estaria escondido lá. Só acharam o paletó dele. O povo aumenta, mas não inventa. Já Cortázar(ou um tal Lucas) citando um Max Jacob, respondendo a um convite para