Aconteceu quarta-feira passada. Caiu uma tempestade de vento, árvores tombaram, carros afundaram, gente afogou, mas o que me afetou mesmo foi que a luz apagou. Apagou e não voltou. Sozinho em casa, sem luz, sem fósforos, sem velas, vi-me na única opção clarividente de ligar o notebook . Encontrei meu livro, baixado do Amazon. Comecei a lê-lo às sete da noite, na escuridão ao redor, e fiquei a lê-lo até as vinte e três.
Que bela experiência.
As lembranças inundaram-me: do tempo em que Guarani tinha postes baixinhos de luz fraca, onde besouros faziam piquenique, o ocaso,a penumbra, a viagem para dentro. Do tempo em que, criança, eu escutava novelas no rádio da fazenda, cuja energia vinha de um moinho d'água de onde a luz ia e vinha no lusco-fusco do quarto. Flertaram-me os dezembros sem fim de canoinhas de papel na correnteza da rua e enchentes do incomodado Rio Pomba.
Depois concentrei-me na leitura. O livro: O clube dos jardineiros de fumaça, de Carol Bensimon. Meu Kindle reluzia na escuridão. Entrei tanto no personagem que sentia até o cheiro de maconha da Califórnia. Comecei a ler mais devagar para a história não acabar. A viagem inesquecível de ler em silêncio, absoluto, imponente, porque sem luz e com chuva, os carros também se pausaram nas garagens. Foi tão profundo estar assim, sem nenhuma distração. Pensei em fazer isso todos os dias: apagar as luzes, fechar as janelas, apagar todos os aparelhos eletrônicos, o celular, e ler, ou quem sabe, tocar violão. Melhor ainda, ficar sem nada fazer, somente deitado no chão deixando a mente vagar para onde queira.
Descobri o silêncio. De hoje em diante, prometi-me. Vou catá-lo onde esteja, bandeirante em busca de esmeralda. Esqueci que existe: o sagrado, o que nos faz ascender, a profundez da mente, a configuração da alma, o êxtase do espírito. Bendito silêncio, bendita falta de luz que tanto me ilumina.
Aguarde-me.
Que bela experiência.
As lembranças inundaram-me: do tempo em que Guarani tinha postes baixinhos de luz fraca, onde besouros faziam piquenique, o ocaso,a penumbra, a viagem para dentro. Do tempo em que, criança, eu escutava novelas no rádio da fazenda, cuja energia vinha de um moinho d'água de onde a luz ia e vinha no lusco-fusco do quarto. Flertaram-me os dezembros sem fim de canoinhas de papel na correnteza da rua e enchentes do incomodado Rio Pomba.
Depois concentrei-me na leitura. O livro: O clube dos jardineiros de fumaça, de Carol Bensimon. Meu Kindle reluzia na escuridão. Entrei tanto no personagem que sentia até o cheiro de maconha da Califórnia. Comecei a ler mais devagar para a história não acabar. A viagem inesquecível de ler em silêncio, absoluto, imponente, porque sem luz e com chuva, os carros também se pausaram nas garagens. Foi tão profundo estar assim, sem nenhuma distração. Pensei em fazer isso todos os dias: apagar as luzes, fechar as janelas, apagar todos os aparelhos eletrônicos, o celular, e ler, ou quem sabe, tocar violão. Melhor ainda, ficar sem nada fazer, somente deitado no chão deixando a mente vagar para onde queira.
Descobri o silêncio. De hoje em diante, prometi-me. Vou catá-lo onde esteja, bandeirante em busca de esmeralda. Esqueci que existe: o sagrado, o que nos faz ascender, a profundez da mente, a configuração da alma, o êxtase do espírito. Bendito silêncio, bendita falta de luz que tanto me ilumina.
Aguarde-me.
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