Cena comum do dia a dia, pela qual passei hoje. Num grande supermercado, um carro forte estaciona para descarregar dinheiro em um caixa bancário do corredor. Os guardas, geralmente em número de quatro, estacionam o carro-forte na rua em frente e descarregam o dinheiro no caixa do supermercado. A diferença é que eles estão super-armados e com coletes à prova de bala, enquanto os cidadãos comuns que trafegam no supermercado estão totalmente desprotegidos. Fico pensando se esta estratégia não é proposital. Usam os cidadãos como escudos humanos e escolhem o horário mais movimentado para se protegerem. Imagino que se um assaltante fosse atacar naquela hora, a primeira coisa que iria fazer é atirar em um cidadão comum, pra que os outros fugissem e para que os guardas tivessem que atender ao ferido. Imagino também que os guardas iram sair correndo junto com os cidadãos para o lado oposto aos assaltantes. De qualquer forma, por que não fazem isso após o expediente, ou na hora em que o supermercado está fechado? Por que não fazem assim também nos bancos, shoppings, etc...? Há muitas e muitas coisas que ainda precisam acontecer para virarmos um país, principalmente no campo do direito ao cidadão.
Para os amantes da poesia Carlos Drummond de Andrade é um prato maravilhoso. Drummond é profundo, é enigmático, é incisivo. Seu ponto é exato, como a guitarra de George Harrison, a concisão de Machado de Assis(perdoem-me os exemplos tão díspares, mas foram os que me ocorreram nesse momento). Mesmo quando estamos diante de um suposto Drummond menor, somos surpreendidos. Vou dar um exemplo: encontra-se no livro A PAIXÃO MEDIDA, um dos que mais gosto. Leio o poema O SÁTIRO e o acho bobo, grosseiro, indigno de Drummond. Mas acontece que trabalho com violência sexual. Sou médico e atendo à mulheres em situação de violência sexual e doméstica todos os dias. De repente, o poema de Drummond soa como uma bomba para mim. Corro ao dicionário e a minha suspeita se personifica. É um poema simbólico, tem uma dimensão maior. Vou escrevê-lo abaixo e tentar explicar a dimensão que consigo ver nele. O SÁTIRO Carlos Drummond de Andrade(do livro A Paixão Medi
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