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Mostrando postagens de setembro, 2011

PÉROLAS DO INDIVIDUALISMO BRASILEIRO 2- O PASSEIO, PÚBLICO?

O PASSEIO PÚBLICO Precisamos acrescentar um novo adjetivo à palavra passeio. Pelo menos no Brasil passeio público quer dizer passeio privado. Esta pérola de nosso individualismo decorre da premissa de que o passeio é uma extensão da casa, local onde ela termina e não onde começa. Assim, cada brasileiro tem o passeio público, digo, privado, que merece. Fazemos de nosso passeio o que bem queremos e ninguém tem nada com isso e muito menos a prefeitura. Vamos às pérolas. Os canos de vazão de água das casas surgem por cima dos passeios fazendo deles perfeitos chuveiros para os transeuntes. Um bom lugar para caminhar quando está chovendo? Na rua, pois no passeio tomarás banho de chuveiro. As pessoas costumam lavar suas casas varrendo a água suja para cima dos canos que deságuam no passeio, público. Subidas para automóveis são confeccionadas ao bel prazer do proprietário, algumas tão altas que é impossível transpô-las. Antigamente construiam-se degraus de ferro próprios para fazer o ca

O DESAFIO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

O DESAFIO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL Meu grande sonho profissional foi, por vários anos, ser um expert em educação sexual e implantar um modelo desta área no Brasil. Uma de minhas iniciativas mais ousadas foi trazer a Belo Horizonte os coordenadores do Programa Harimaguada, da Espanha, talvez o mais perfeito do mundo e lá também conhecer o programa. Minha decepção com o trabalho educacional foi muito grande. A principal delas: a incrível deficiência de formação profissional dos professores. A segunda maior: a incerteza de que o Estado, ou as escolas, ou os gestores, estivessem a fim de educação sexual. Pouco a pouco fui deixando meu sonho de lado até dedicar-me à sexologia clínica e abandonar a educação sexual. Hoje vivemos um momento marcante em Belo Horizonte. É incrível a resistência dos professores, em greve há mais de cem dias, mesmo sem receber salário, e com a ameça(que considero grave) de contratação de 12.000 professores substitutos. Acho esta hipótese surrealista. Para mim não

AS LIÇÕES DO ONZE DE SETEMBRO

AS LIÇÕES DO ONZE DE SETEMBRO O ano de 2001 foi um ano terrível para minha vida. Endividado, com problemas familiares, deprimido, eu cheguei em casa por volta de dez horas da manhã, se não me engano. Voltava do hospital para tomar um banho e seguir para outro trabalho. Lembro-me de que minha empregada arrumava a sala com a TV ligada e as imagens do atentado passavam na tela. Assim como milhares de pessoas em todo o mundo, naquela hora, pensei que fosse um filme de ficção. Demorei bastante tempo para imaginar que fosse de verdade, até porque as imagens não paravam e eram muito repetitivas. Foi então que me dei conta do fato. Eu então assisti as imagens até o fim, o horror dos prédios caindo, das pessoas se jogando pela janela, o desespero dos bombeiros, uns correndo para fora e outros para dentro dos prédios. Eu só não tinha noção do quanto aquele ato terrorista mudaria o mundo. De como os líderes mundiais e principalmente os americanos respondessem ao atentado dependeria muito o fut

PÉROLAS DO INDIVIDUALISMO BRASILEIRO 1- A CULTURA DO ATRASO

Vou começar aqui uma série de artigos sobre o "Individualismo Brasileiro". São capítulos de um livro que estou escrevendo e no qual analiso os fenômenos de nossa cultura que considero revelantes ao nosso "atraso". Vou começar especificamente pelo ato de atrasar, característica do povo brasileiro. Vamos lá. A CULTURA DO ATRASO. OU O ATRASO DA CULTURA? Meu caminho pro trabalho É um pouco mais comprido Eu vou sempre pela praia Que é muito mais divertido Chego sempre atrasado Mas eu não corro perigo Quem devia dar o exemplo Chega atrasado comigo E diz:... Soy Latino Americano E nunca me engano E nunca me engano (Soy Latino Americano- Zé Rodrix) Na minha terra diz-se de um sujeito ignorante, analfabeto, retardado mental, que ele é atrasado. É implícita a relação entre ser e estar atrasado. Atrasados estamos, atrasados somos. Atrasar e ser atrasado são propriedades de brasileiros. Mal comparando, dizem que a pontualidade é o grande or

A LÍBIA E AS LIÇÕES DE GENE SHARP

Lembramos que o Brasil foi contra a intervenção militar na Líbia. Argumentaram, nossos diplomatas, que uma ação militar custaria muitas vidas e a forma de intervenção deveria ser pacífica. Gene Sharp,seguramente, concordaria com eles. A profecia brasileira se concretizou. Foram longos meses até a rendição de Kadafi, a custo de muitas mortes e muita destruição. Quando vejo, pela TV, os carros cheios de rebeldes armados, muitos deles adolescentes atirando para todos os lados e fazendo V de vitória com os dedos, pergunto-me quem os está armando e quem os está chefiando. Parece-me um bando de inconsequentes ou gente brincando de guerra. De um outro lado, pipocam em outros países os representantes do governo de transição, com líderes que não sabemos de onde apareceram, onde estavam. Ao lado deles, os líderes de Estado interessados na paz Líbia. Mas nos perguntamos: por que motivo, mesmo, estão querendo ajudar? Gene Sharp nos responderia: pelos seus próprios interesses. A forma como este g

A OBRA DE GENE SHARP 4- DA DITADURA À DEMOCRACIA

Gene Sharp conclui que é preciso enfrentar a dura verdade. Quando se quer derrubar uma ditadura de forma eficaz e com menor custo, então se tem quatro tarefas imediatas. 1) Deve-se fortalecer a própria população oprimida em sua determinação, autoconfiança, habilidades de resistência. 2) É preciso fortalecer os grupos sociais e instituiçoes independentes do povo oprimido 3)É preciso criar uma poderosa força interna de resistência 4)Deve-se desenvolver um grande e sábio plano estratégico para a libertação e incrementá-lo com habilidade. Continuaremos no passo a passo da ditadura à democracia. Não me percam. Nossa fonte de Gene Sharp está na Tradução para download livre de José Filardo, da qual vou fazendo uns pequenos resumos . Para encontrá-la em forma integral, vá para http://bibliot3ca.files.wordpress.com/2011/03/da-ditadura-a-democracia-gene-sharp2.pdf

A OBRA DE GENE SHARP 3- DA DITADURA À DEMOCRACIA

Continuando na análise do problema das ditaduras, Gene analisa a ajuda estrangeira para solucionar o problema dos países em transição da ditadura a um novo governo. Gene afirma que; 1)Estados estrangeiros defenderão e até ajudarão os regimes totalitários, a fim de defender seus próprios interesses econômicos e políticos 2)Estados estrangeiros podem estar dispostos a vender um povo oprimido em vez de manteer as promessas de ajudar à sua libertação à custa de outro objetivo. 3)Alguns estados estrangeiros agirão contra uma ditadura só para ganhar o controle econômico, político ou militar sobre o país. 4)Os estados estrangeiros podem se envolver ativamente para fins positivos somente se e quando o movimento de resistência interna já começou a abalar a ditadura, tendo, assim, a atenção internacional direcionada para a natureza brutal do regime. Qualquer semelhança com situações atuais no mundo árabe não será mera coincidência.