Pular para o conteúdo principal

A OBRA DE GENE SHARP 2- DA DITADURA À DEMOCRACIA

Gene Sharp escreveu sua obra principal visando o combate às ditaduras governamentais, mas eu creio que suas idéias também valem para as pequenas ditaduras: das instituições trabalhistas, das escolas, das relações humanas, das famílias.
Então vamos pensar com ele. Se estamos submetidos a alguma violência, tendemos a pensar que somente uma violência maior, ou mais forte, pode derrubá-la. Gene nos adverte: ditadores são indivíduos especializados em usar a violência. A probabilidade maior é de que os que se utilizarem da violência para derrubarem ditadores serão vencidos. Gene diz: ao depositar a confiança nos meios violentos, escolhe-se exatamente o tipo de luta em que os opressores quase sempre têm superioridade. Pode-se optar, então, pela guerrilha. Esta tática leva a grandes sacrifícios e tem consequências a longo prazo, é desgastante para ambos os lados. Nenhuma destas duas opções(violência explícita ou guerrilha) costuma ser a melhor. O que fazer, então? Nas ditaduras governamentais, muitas vezes surge a solução do golpe militar. Transformando esta idéia em guerra cotidiana, muitas vezes podemos pedir a ajuda de "outro ditador" para derrubar o primeiro. O que acontecerá depois? O novo ditador imporá suas táticas opressoras tal qual o primeiro, logo assumido o poder. Nosso problema persistirá. O que queremos? A liberdade, suponho. No caso das ditaduras governamentais, surge uma terceira via: pedir ajuda aos estrangeiros. Levando a questão a um microcosmo: podemos pedir ajuda a um especialista( um estrangeiro), e o que sucede então? Continaumos amanhã.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O MAU EXEMPLO DE HILDEBRANDO E A GENIALIDADE DE DRUMMOND

Para os amantes da poesia Carlos Drummond de Andrade é um prato maravilhoso. Drummond é profundo, é enigmático, é incisivo. Seu ponto é exato, como a guitarra de George Harrison, a concisão de Machado de Assis(perdoem-me os exemplos tão díspares, mas foram os que me ocorreram nesse momento). Mesmo quando estamos diante de um suposto Drummond menor, somos surpreendidos. Vou dar um exemplo: encontra-se no livro A PAIXÃO MEDIDA, um dos que mais gosto. Leio o poema O SÁTIRO e o acho bobo, grosseiro, indigno de Drummond. Mas acontece que trabalho com violência sexual. Sou médico e atendo à mulheres em situação de violência sexual e doméstica todos os dias. De repente, o poema de Drummond soa como uma bomba para mim. Corro ao dicionário e a minha suspeita se personifica. É um poema simbólico, tem uma dimensão maior. Vou escrevê-lo abaixo e tentar explicar a dimensão que consigo ver nele. O SÁTIRO Carlos Drummond de Andrade(do livro A Paixão Medi

NO DESCOMEÇO ERA O VERBO

Quem não conhece a célebre acepção bíblica " No começo era o verbo"(João 1,1)? Esta frase é uma das mais enigmáticas do livro sagrado, e como interpretá-la? Na bíblia que tenho em casa(Paulus,1990 edição Pastoral) há um comentário com a seguinte inscrição, logo abaixo do prólogo ao evangelho de São João, que começa com a frase acima( minha bíblia está escrito como " no começo a Palavra já existia". "No começo, antes da criação, o Filho de Deus já existia em Deus, voltado para o Pai: estava em Deus, como a Expressão de Deus, eterna e invisível. O filho é a Imagem do Pai, e o Pai se vê totalmente no Filho, ambos num eterno diálogo e mútua comunicação............Jesus, Palavra de Deus, é a luz que ilumina a consciência de todo homem.......para isso a Palavra se fez homem e veio à sua própria casa, neste seu mundo........A humanidade já não está condenada a caminhar cegamente, guiando-se por pequenas luzes no meio das trevas, por pequenas manifestações de D

DISTRAÍDOS VENCEREMOS?

Aconteceu quarta-feira passada.  Caiu uma tempestade de vento, árvores tombaram, carros afundaram, gente afogou, mas o que me afetou mesmo foi que a luz apagou. Apagou e não voltou. Sozinho em casa, sem luz, sem fósforos, sem velas, vi-me na única opção clarividente de ligar o notebook . Encontrei meu livro, baixado do Amazon. Comecei a lê-lo às sete da noite, na escuridão ao redor,  e fiquei a lê-lo até as vinte e três. Que bela experiência. As lembranças inundaram-me: do tempo em que Guarani tinha postes baixinhos de luz fraca, onde besouros faziam piquenique, o ocaso,a penumbra, a viagem para dentro. Do tempo em que, criança, eu escutava novelas no rádio da fazenda, cuja energia vinha de um moinho d'água de onde a luz ia e vinha no lusco-fusco do quarto. Flertaram-me os dezembros sem fim de canoinhas de papel na correnteza da rua e  enchentes do incomodado Rio Pomba. Depois concentrei-me na leitura. O livro: O clube dos jardineiros de fumaça, de Carol Bensimon. Meu Kindle re