Jean Charles foi morto pela polícia especial da Scotland Yard em 2005. Morte por engano, erro da polícia um dia considerada a mais eficiente do mundo.Amargada em escândalos de corrupção e acusações de agir violentamente contra minorias raciais, mal preparada e antiquada, não dá conta do estopim social que virou Londres. Ainda mais depois da crise econômica que assola até as economias AAA, como a do Reino Unido. Lá de cima, Jean Charles deve ter jurado a polícia inglesa. Ela agora está penando com a violência que irrompe de cada canto da cidade. Mas não pensem que isso é novo. Lembram-se dos hulligans? Lembram-se das quebradeiras da época de Margareth Tatcher? Os ingleses têm uma queda para a violência urbana, e não é de hoje. No momento os ingredientes são vários. Jovens sem oportunidades no mercado de trabalho, governo anunciando políticas de retenção social, associado aos apelos de consumo que brotam em cada canto. Não é a toa que invadem lojas de roupas caras, querem mercadorias de primeira. Também, como no Brasil, gangues proliferam pelas periferias junto com o merdado das drogas. São elas que promovem os ataques, pelo menos em parte. Tudo isso é uma prova para a polícia, que não sabe o que fazer. Seria a brasilianização da Europa? Se tivessem entendido o aviso do caso Jean Charles, talvez hoje as coisas seriam melhores. Mataram o primeiro, mataram o segundo, recebem o troco. Não sabemos onde vai dar.
Fico de frente a minha TV percebendo a reconfiguração do mundo. Um terremoto de revoluções e circunvoluções, pipocando em todas as partes. No que isso vai dar? Transformar-se-á o mundo árabe em um região de democracias progressistas ou novas ditaduras religiosas? Cairá a Europa na recessão profunda e os italianos virarão choferes de taxi no Brasil? A América se encherá de carros motor ponto zero? Um monte de sem teto ficarão pelas estradas de Israel? O Brasil, a China e Índia dominarão o mundo? Ou tudo será como antes no quartel do Abrantes?
Fico de frente a minha TV percebendo a reconfiguração do mundo. Um terremoto de revoluções e circunvoluções, pipocando em todas as partes. No que isso vai dar? Transformar-se-á o mundo árabe em um região de democracias progressistas ou novas ditaduras religiosas? Cairá a Europa na recessão profunda e os italianos virarão choferes de taxi no Brasil? A América se encherá de carros motor ponto zero? Um monte de sem teto ficarão pelas estradas de Israel? O Brasil, a China e Índia dominarão o mundo? Ou tudo será como antes no quartel do Abrantes?
Vou postar o comentário de meu amigo Duarte Vilar, de Portugal. Ele me enviou por email porque não conseguiu postar o comentário dele.
ResponderExcluirComecei a minha vida militante como marxista e comunista (não ortodoxo, mas comunista). Nessa altura, o marxismo oferecia uma alternativa ao capitalismo. Sim, porque é do sistema capitalista que se trata, quando abordamos a situação global. Já nessa altura, contudo, nenhum dos exemplos existentes de países socialistas – União Soviética, China, Cuba, etc – faziam os meu ideais. Daí, a corrente marxista onde me situava não ser pró soviética ou pró chinesa ou pró qualquer outro país…
De facto, a controlo de toda a actividade económica, a defesa permanente desses sistemas contra as agressões externas dos países capitalistas ( que eram reais), e a própria natureza monolítica e centralista dos partidos comunistas criaram monstros de totalitarismo, novas e odiosas ditaduras, infelizmente em nome da esquerda.
Assim, embora continue a considerar o marxismo como uma teoria sociológica fascinante e coerente, a sua tradução naquelas alternativas foi um desastre.
A social democracia, ou seja, a ideia de reformas sociais, de protecção social e de regulação dos mercados pelos Estados, pareceu-me, pois, a ideia possível, face ao capitalismo e face aos regimes totalitários “socialistas”. Daí que te tenha já dito várias vezes que a experiência brasileira pode ser bastante interessante, com os seus sucessos, com a sua luta pela igualdade, e mesmo com os seus insucessos, nomeadamente a corrupção que questiona a forma como os partidos políticos se organizam, e a necessidade de um controlo social sobre o funcionamentos destes partidos e do próprio Estado.
O que se passou em Londres, como há dois ou três anos nos subúrbios de Paris e outras cidades francesas é um sintoma de muitas coisas, nomeadamente a crise moral (em termos sociológicos isso chama-se anomia) que grassa em largos sectores da juventude, e que produz o sistema de gangs, responsável pelos ataques (vocês aí têm também este fenómeno, mais grave com outra forma, e nós em Portugal também temos problemas com gangs mas a uma escala não comparável – por agora – com outros países).
A actual crise financeira, económica e social veio mostrar a saciedade que algo tem que mudar. Mas infelizmente, a social democracia – pelo menos a europeia - está presa nas suas próprias contradições. E eu não sei descortinar o que tem que ser mudado, e o como.
Por favor coloca este comentário no teu blog, já que eu não o consigo fazer, ou então me explica como fazer.