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Mostrando postagens de agosto, 2011

O AUTISMO DOS AEROPORTOS

Espanta-me sobremaneira a síndrome de autismo que prolifera em nossos aeroportos. Explico. Nas salas de espera o que se vê são centenas de indivíduos acoplados aos seus tablets, netbooks, notebooks, iphones, ipads, celulares, revistas, livros, etc., num interminável colóquio de conversas que não atingem um milímetro o senhor ou a senhora ao lado. É incrível como eles conseguem entender os chamados, encontrar as salas corretas, ouvir o chamado dos portões, levantar no momento certo, sem, em nenhum momento, se livrar do fone de ouvido, dos aparelhos de estimação, dos celulares. Vai andando em fila aquele bando de sonâmbulos e egoístas como se somente cada um deles estivesse ali presente. De quando em vez, dois amigos, ou uma esposa e um marido, entabulam uma conversa, o que, em geral, desagrada aos demais. Outro dia eu estava em uma destas salas de espera, como sempre superlotadas, e não havia uma só cadeira para assentar. Eu estava com minha esposa e procurava pelo menos uma para ela. E

A CONTROVÉRSIA DE SANDY

A CONTROVÉRSIA DE SANDY Recentemente a entrevista de Sandy à Playboy surpreendeu a todos. A sua declaração mais “polêmica” foi: é possível ter prazer com o sexo anal. Ora, se tal afirmativa fosse feita pela Bruna Surfistinha, ou pela Débora Secco, não teria repercussão nenhuma. Sandy, porém, revestida daquela imagem angelical da menininha que começamos a ver cantar aos 7 anos de idade, sempre acompanhada de seu irmãozinho querido, também angelical, expressar pensamento “devasso” como este! Oh! Meu Deus. O mundo está acabando. Vamos pensar. Sinceramente, neste exato momento, quantas milhões de mulheres estão por aí a praticar sexo anal. Qual mulher não tentou, pelo menos algumas vezes, variar a relação sexual, seja desta forma ou de outra. Quantas praticam o sexo anal regularmente? Ora, não há nada de devasso nisso. Nada menos do que uma forma alternativa de praticar o sexo, feita por 20 a 30 % da população mundial. Então, por que toda essa polêmica? Estou com a Sandy. Era precis

O MAU EXEMPLO DE HILDEBRANDO E A GENIALIDADE DE DRUMMOND

Para os amantes da poesia Carlos Drummond de Andrade é um prato maravilhoso. Drummond é profundo, é enigmático, é incisivo. Seu ponto é exato, como a guitarra de George Harrison, a concisão de Machado de Assis(perdoem-me os exemplos tão díspares, mas foram os que me ocorreram nesse momento). Mesmo quando estamos diante de um suposto Drummond menor, somos surpreendidos. Vou dar um exemplo: encontra-se no livro A PAIXÃO MEDIDA, um dos que mais gosto. Leio o poema O SÁTIRO e o acho bobo, grosseiro, indigno de Drummond. Mas acontece que trabalho com violência sexual. Sou médico e atendo à mulheres em situação de violência sexual e doméstica todos os dias. De repente, o poema de Drummond soa como uma bomba para mim. Corro ao dicionário e a minha suspeita se personifica. É um poema simbólico, tem uma dimensão maior. Vou escrevê-lo abaixo e tentar explicar a dimensão que consigo ver nele. O SÁTIRO Carlos Drummond de Andrade(do livro A Paixão Medi

A MALDIÇÃO DE JEAN CHARLES

Jean Charles foi morto pela polícia especial da Scotland Yard em 2005. Morte por engano, erro da polícia um dia considerada a mais eficiente do mundo.Amargada em escândalos de corrupção e acusações de agir violentamente contra minorias raciais, mal preparada e antiquada, não dá conta do estopim social que virou Londres. Ainda mais depois da crise econômica que assola até as economias AAA, como a do Reino Unido. Lá de cima, Jean Charles deve ter jurado a polícia inglesa. Ela agora está penando com a violência que irrompe de cada canto da cidade. Mas não pensem que isso é novo. Lembram-se dos hulligans? Lembram-se das quebradeiras da época de Margareth Tatcher? Os ingleses têm uma queda para a violência urbana, e não é de hoje. No momento os ingredientes são vários. Jovens sem oportunidades no mercado de trabalho, governo anunciando políticas de retenção social, associado aos apelos de consumo que brotam em cada canto. Não é a toa que invadem lojas de roupas caras, querem mercadorias de

A OBRA DE GENE SHARP 2- DA DITADURA À DEMOCRACIA

Gene Sharp escreveu sua obra principal visando o combate às ditaduras governamentais, mas eu creio que suas idéias também valem para as pequenas ditaduras: das instituições trabalhistas, das escolas, das relações humanas, das famílias. Então vamos pensar com ele. Se estamos submetidos a alguma violência, tendemos a pensar que somente uma violência maior, ou mais forte, pode derrubá-la. Gene nos adverte: ditadores são indivíduos especializados em usar a violência. A probabilidade maior é de que os que se utilizarem da violência para derrubarem ditadores serão vencidos. Gene diz: ao depositar a confiança nos meios violentos, escolhe-se exatamente o tipo de luta em que os opressores quase sempre têm superioridade. Pode-se optar, então, pela guerrilha. Esta tática leva a grandes sacrifícios e tem consequências a longo prazo, é desgastante para ambos os lados. Nenhuma destas duas opções(violência explícita ou guerrilha) costuma ser a melhor. O que fazer, então? Nas ditaduras governamentai