Sábado é o dia em que eu deveria acordar tarde, porque nos dias úteis tenho que trabalhar bem cedo. Minha mulher reclama que sempre a desperto antes da hora. Ela gosta de dormir até as dez e mesmo que eu tente levantar-me na ponta dos pés, nem usar sapatos antes de sair, não consigo fazer com que não se vire na cama e abra os olhos, interrogativa. Definitivamente, acordar cedo é minha sina, mas esse hábito tem suas vantagens. Em geral entre cinco e seis da manhã é um instante silencioso, já que as porteiras do povo-gado em geral se abrem às sete. Posso ler um livro sossegadamente, observar o sol nascendo, refletir um pouco, ou mesmo fazer o mais secreto de meus afazeres: admirar minha mulher dormindo seu sono de ninfa. Mas por que estou iniciando esta história assim, se não é nada disso que quero escrever? Sei lá. Neste sábado, como sempre, já estava de pé às cinco, fui à padaria, comprei pão, preparei a mesa de café, lavei talheres, li meu livrinho matutin